EXPLORANDO OUTRAS DIMENSÕES

 

    A ciência progrediu muito, e a partir do final do século XIX, quando toda a humanidade pregava o fim da ciência e das grandes descobertas, surge então o advento da Teoria da Relatividade, da Mecânica Quântica, novas implicações na Estatística, etc. Notamos desde então um crescimento absurdo da ciência em geral, neste século. De fato, aprendemos mais neste século do que em toda a milenar história da humanidade. Agora, no final de mais um século (e para agravar ainda mais a situação, ocorre também o fim de um milênio), a humanidade resgata do subconsciente coletivo o catastrofismo, a teoria do fim do mundo, do fim de todas as coisas. A ciência não poderia ficar de fora, e observamos "profetas do apocalipse" pregando coisas como "O fim da ciência", "A ciência finalmente acabou?", "Enfim descobrimos toda a verdade"... Tudo é tão artificial e infantil que até parece uma cópia mal feita do clima realmente sombrio, para a ciência, do final do século XIX. Mas se, no final do século passado, ainda se observavam umas poucas nuvens negras no horizonte (que representavam o desconhecido), hoje em dia podemos observar uma verdadeira tempestade à nossa volta. Quantas coisas ainda a descobrir !

    A Física atual, apesar de todos os esforços para tentar descrever modelos para a realidade, ainda não conseguiu unir os efeitos completamente observáveis e até reprodutíveis da parapsicologia com os efeitos físicos explicados atualmente. Fenômenos estranhos à "ciência oficial" são simplesmente relegados a um plano secundário, como se os efeitos misteriosos do exterior e até de nossa mente não merecessem atenção.

    Também a procura de modelos nos limites da física atual é algo muito difícil: O que há dentro de um Buraco Negro ? O espaço-tempo do interior das partículas elementares é o mesmo do universo externo à ela ? Qual o modelo real do início do nosso universo ?

    Físicos de respeito da atualidade, entretanto, julgam as perguntas acima de máxima importância para a nossa evolução, e embarcam em ousadas teorias para tentar solucioná-las.

    O problema principal, para alguns, não está na resposta em si, mas sim no ferramentário que deveria ser usado para explicar a resposta. Em suma, muitos físicos acham que a Relatividade de Einstein dá uma visão dimensionalmente estreita da realidade. Será que a dimensão espaço-temporal usada é apropriada para nos dar todas as informações sobre os fenômenos observados ?

    Temos atualmente três dimensões espaciais e a quarta, que seria temporal. Mas talvez a realidade se constitua de cinco, seis, ou até mais dimensões, e nosso ferramentário matemático atual seria então insuficiente para compreender algo que pode ser básico, como foi o caso da abominável "dualidade onda-partícula" da Mecânica Quântica. Vou exemplificar: suponha que nosso mundo é bidimensional e queiramos explicar um certo objeto estranho (que seria simplesmente o cilindro, um objeto tridimensional). Só poderemos estudar tal objeto fazendo "cortes", através de superfícies bidimensionais, ao longo do objeto. Mas isso geraria absurdos e paradoxos; um corte na horizontal nos dará um círculo, mas um corte na vertical nos dará um retângulo ! Como um objeto pode ser, ao mesmo tempo, um círculo e um retângulo ? O nosso problema atual, sobre como uma partícula pode ser onda e corpúsculo ao mesmo tempo, não se parece com o "paradoxo" citado no exemplo acima ?

    O problema é: temos uma Teoria da Relatividade de 4 dimensões para estudar fenômenos mais complexos, que podem ter inclusive diversas dimensões temporais, além das espaciais. A resposta para alguns é simples: "Então vamos criar mais dimensões na Teoria". Este é realmente o caminho que muitos físicos seguem. Alguns físicos pegaram a Teoria da Relatividade, usaram então 4 dimensões reais e 4 dimensões virtuais, chamando essa nova teoria de Relatividade Complexa, e obtiveram conclusões dos fenômenos universais, baseados agora em 8 dimensões, o que melhorou, se é que posso dizer assim, a visão de inúmeros fenômenos até agora desconhecidos ou paradoxais.

A Física não está no fim. Na verdade, devo dizer que não começou sequer a engatinhar.

Lucio Marassi de Souza Almeida

back