O Enigma Egípcio

 

    O enigma das pirâmides é sem dúvida um dos mais empolgantes mistérios da humanidade. Como as pirâmides foram construídas? Esta dúvida levou a inúmeras teorias e discussões acirradas sobre o tema.

    A maioria dos arqueólogos e historiadores crê que as pirâmides surgiram de métodos primitivos de exploração de pedreiras, cinzelamento e içamento de blocos imensos. A crença se deve mais à tradição que à lógica. Só que métodos primitivos de corte e cinzelamento das pedras seriam tão rústicos que seria impossível, num período médio de vinte anos (o governo dos faraós durava em média vinte anos), produzir tal montante de pedras e tão bem cortadas para assim comporem uma pirâmide.

    Some-se a isso a quantidade de trabalho e o grau de engenharia necessários para formar rampas e içar com perfeito encaixe final as pedras entre si. É fato que nas paredes das pirâmides não passa sequer um fio de cabelo, tão justapostas estão suas pedras.

    O Egito não conhecia o ferro ou o bronze (liga de estanho e cobre) no Antigo Império. O material usualmente trabalhado era o calcário, duas vezes mais duro que o arenito usado durante o Novo Império. O paradoxo é que, mesmo usando técnicas e ferramentas piores e trabalhando com material duas vezes mais duro, as obras de engenharia do Antigo Império ganham de longe em tamanho e qualidade quando comparadas às do Novo Império e períodos posteriores. O bom senso sugere que alguma tecnologia antiga foi empregada e depois perdida no tempo. Não seria difícil ocorrer.

    Recentemente uma forte hipótese foi levantada sobre esta tecnologia perdida. O Dr. Joseph Davidovits, químico pesquisador e criador da química dos geopolímeros levantou uma quantidade imensa de dados e observações a favor de sua hipótese. Sua tese é de que as pedras que compõem as pirâmides não são naturais, sendo produzidas artificialmente. Seriam materiais geopoliméricos, que variam de materiais avançados a cimentos simples. Qualquer um destes materiais é tão parecido com as pedras naturais que mesmo um especialista teria sérias dificuldades em classificá-lo como artificial. Cimentos geopoliméricos são quimicamente comparáveis aos cimentos naturais que aglutinam pedras, como arenito e calcário com carcaças fósseis.

    Podendo ser produzidos em condições normais de temperatura e pressão e com materiais encontrados em abundância no Egito (como a lama rica em alumina do Nilo, o sal natrão encontrado em desertos e lagos salgados, a cal, formada pela calcinação do calcário em fornos simples, e vários outros minerais), o concreto geopolimérico endurece rapidamente para formar pedra sintética.

    A imagem de centenas de trabalhadores atolados na lama, jogando tinas do composto pastoso dentro de imensas formas de madeira é muito mais aceitável do que dezenas de milhares suando sob o Sol escaldante, sendo ainda chicoteados e postos a arrastar blocos gigantescos sobre rampas mirabolantes.

    O cimento geopolimérico age como uma pasta até endurecer. Isso explicaria o incrível encaixe observado entre as pedras, onde nem uma agulha transpassa. Fios de cabelo detectados nas amostras de pedra das pirâmides nunca foram detectados em pedras com 50 milhões de anos de idade (a idade média das pedreiras do Egito); contudo, é natural pensarmos em cabelos caindo dos corpos dos trabalhadores no processo de preparo e moldagem da pasta geopolimérica.

    A teoria de Davidovits é aceitável e pode ser uma solução para o até hoje enigmático mecanismo de construção das pirâmides.

Lucio Marassi de Souza Almeida

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