O Submarino ‘Outubro Vermelho’

Efeito magnetohidrodinâmico

 

    Muitos já viram o filme "Caçada ao Outubro Vermelho", em que o talentoso Sean Connery, com sua bem cuidada barba, faz o papel de um oficial russo que comanda o maior e mais secreto projeto da União Soviética: o poderoso submarino "Outubro Vermelho". Todos que viram o filme ficaram admirados, mas poucos notaram que o herói do filme não era nem Sean Connery, nem o submarino. Era o motor, a propulsão do submarino, a figura mais importante em cena.

   O sonar detecta o barulho do motor de qualquer engenho, que funciona como uma assinatura, que identifica até mesmo o tipo e o modelo de transporte. Excelente arma militar. Só que o "Outubro Vermelho" não emitia barulho algum ! O sonar não podia detectá-lo... era o primeiro submarino invisível ! Seu motor funcionava de acordo com o efeito magneto-hidrodinâmico. Que nome! Mas o que é isso, afinal ?

   Atualmente, fervemos um líquido; o vapor deste põe turbinas em movimento, acionando geradores, que produzem corrente elétrica. Assim, transformamos energia térmica em energia elétrica. É assim, no mais moderno submarino nuclear (onde a energia aciona os motores) e nas usinas termoelétricas das mais comuns (nas quais se queima carvão). Tudo fica pior quando pensamos que,atualmente, a grande energia dos átomos é usada apenas para aquecer um líquido, para este desencadear o laborioso e dispendioso processo de geração de energia elétrica, já descrito.

   Não poderíamos transformar a imensa energia nuclear, ou calor, diretamente em eletricidade ou trabalho ? Atualmente, cientistas se empenham muito nessa tarefa. Muitos recorrem ao efeito magneto-hidrodinâmico. A magneto-hidrodinâmica é uma das muitas ciências que estão surgindo do estudo do plasma. Seu pioneiro foi o sueco H. Alfven; ele notou que, num líquido neutro,mas carregado de eletricidade (como é o plasma), os fenômenos magnéticos têm maior importância do que no fluido comum. Com a teoria magneto-hidrodinâmica descobriu-se que, com campos elétricos e magnéticos posicionados sobre um plasma, pode-se fazer um efeito que corresponde a um dínamo atual (que,como conhecemos atualmente, transforma a energia mecânica das peças componentes em energia elétrica ou em trabalho (propulsão)).    

   Atualmente,a teoria já gerou máquinas que funcionam com o efeito descrito acima,mas só num futuro próximo a energia, a miniaturização e o total controle de tais máquinas permitirão seu emprego,em usinas geradoras, em máquinas e em veículos que certamente serão mais produtivos, custarão menos e não causarão riscos de acidentes ou danos ao meio-ambiente.

   Voltando ao assunto inicial, um submarino cuja propulsão não dependesse do estalar mecânico das peças dos motores comuns,certamente não produziria nenhum barulho que o identificasse como arma bélica no sonar inimigo. Mas a inteligência humana é imensa,e assim que tal tecnologia fosse descoberta, não tardariam em inventar um "detector de energia plasmática", ou algo do gênero, para que um equilíbrio novamente fosse alcançado.

Lucio Marassi de Souza Almeida

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