BURACOS NEGROS

 

        As estrelas queimam, no núcleo, seu "combustível estelar" com a intensidade de bilhões de explosões nucleares. A queima do combustível expele matéria, e isso compensa a atração gravitacional da estrela. A estrela se aproxima de sua morte quando as reações termonucleares do seu interior vão acabando, à medida que seu "combustível" se esgota na incessante queima estelar. Quando isso ocorre, a pressão termonuclear do interior perde força, e a atração gravitacional predomina, comprimindo cada vez mais a massa estelar. Se a estrela tem muita massa, ela vira uma estrela explosiva, expulsando violentamente sua massa, transformando-se assim em uma Supernova. Se a massa é relativamente pequena, elas apenas vão paulatinamente se "apagando".

        A atração gravitacional comprime a estrela até o estágio de anã branca. A diminuição do raio aumenta o movimento de rotação (conservação do momento angular). A anã branca continua perdendo calor e diminuindo de tamanho, pela ação da gravidade. Quando sua densidade é da ordem da matéria nuclear, elas se transformam no que denominamos pulsares.

        Os pulsares têm massa da ordem da massa solar, mas possuem apenas alguns quilômetros de diâmetro. Com um raio tão pequeno para tamanha densidade, ele tem uma pulsação radial bem grande, com período da ordem de um segundo. A irradiação da energia do pulsar para o exterior através das rotações ultra-rápidas, contudo, aumenta continuamente o período das pulsações. Chega um momento em que as pulsações são tão espaçadas, que nem a força centrífuga ou a pressão da radiação eletromagnética do pulsar conseguem conter sua contração gravitacional.

        Quanto maior a força da gravidade, maior a curvatura do espaço. O pulsar efetua sua contração até alcançar um raio crítico, a partir do qual o espaço se curva a ponto de se fechar sobre si mesmo. A criação de um Buraco Negro se completou.

        O Buraco Negro possui este nome porque ele absorve tudo o que chega em suas redondezas, até mesmo a luz. Mas, se ele absorve toda a matéria local do universo sem nunca devolvê-la, ele aumentaria eternamente a sua massa, correto ? Acontece que a relatividade deve ser levada em conta, nesse caso. Quanto mais curvo o espaço-tempo, maior o intervalo de tempo no local, em relação ao nosso referencial na Terra. Em suma, qualquer coisa que caísse em um Buraco Negro, vista por alguém na Terra, iria diminuindo progressivamente sua velocidade, até parar completamente. O objeto, no referencial terrestre, levaria um tempo infinito para ser "engolido" pelo Buraco Negro. Nós não veríamos nunca o objeto ser sugado completamente.

        Para nós, a matéria que o Buraco Negro absorve nunca será efetivamente tragada por este. Se, contudo, observarmos um objeto caindo no Buraco Negro no referencial do objeto, veremos que este cairá pelo Buraco cada vez mais rápido, e chegará fatalmente até o fundo em um instante infinitesimal.

        As teorias mais recentes verificam que o Buraco Negro pode apresentar uma exalação de energia em suas bordas, e esta é atualmente uma das linhas de pesquisa de Stephen Hawking, o gênio britânico que foi um dos primeiros a propôr e provar matematicamente a possível existência dos Buracos Negros.

        Outras teorias tentam explicar o interior de um Buraco Negro. Sua estrutura espaço-temporal seria realmente diferente do espaço-tempo que conhecemos. Algumas dessas teorias, baseadas em uma evolução matemática da Relatividade de Einstein, predizem que o tempo no interior de um Buraco Negro seria cíclico, e que o espaço-tempo deste estaria eternamente acumulando e ordenando informações (extrapolando, seria um universo onde tudo tenderia para a ordem, ao contrário deste nosso, onde tudo tende à desordem - com a enigmática exceção dos seres vivos, como nós, pois além de ordenados ainda ordenamos o espaço que nos cerca).

        O estudo dos Buracos Negros, de sua estrutura e dinâmica interna, poderá no futuro fornecer-nos indícios indiretos sobre o inicio de nosso próprio universo, além de abrir interessantes e inusitados caminhos para a descoberta da nossa verdadeira realidade.

Lucio Marassi de Souza Almeida.

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