O Cientista

 

    O cientista analisa o universo pelos dados que coleta deste. Desde o invisível glúon até as gigantescas galáxias, tudo o que pode ser medido e coletado como dado experimental é analisado. A análise gera relações matemáticas empíricas, ou estabelece bases para hipóteses sobre os fenômenos, que se comprovadas viram teorias, sobre as quais uma concreta matemática pode ser imposta.

    Mas o cientista não é apenas um coletor de dados e formulador de teorias. Todo aquele que domina uma ciência tem o dever de zelar pelo emprego prático desta; tem o dever de prever se o que desenvolve pode ser utilizado para fins ruins e, bem antes dos outros pensarem nesses fins, deve combatê-los.

    O pesquisador, teórico ou experimental, deve assumir um compromisso com o futuro. Em vez de procurar glórias presentes, deve se colocar como visionário. Se possível, incentivar o fomento da ciência no mundo inteiro, e lutar pelo bom uso de tudo o que se descobre.

    Interiormente, o cientista deve ser o ideal humano. Saber que nada sabe, mas sendo o melhor que puder ser em sua profissão. Deve ter sempre uma mistura de humildade, agressividade e bom senso:

Ser humilde, para aceitar que nossa ciência atual é muito pequena ainda. Temos mais perguntas que respostas,e estamos muito longe de saber tudo até do pouco que conseguimos coletar até agora.

Ser agressivo para defender o ponto de vista que acha correto. Ciência não é democracia, onde prevalece o que a maioria decide. Os fatos coletados e analisados, seguindo o método científico, é que decidem o que existe ou não ... o que é verdade ou mentira. O que seria de Copérnico ou de Paul Dirac, se não tivessem tido a coragem de jogar seus nomes nas teorias revolucionárias que geraram? Se não defendessem com agressividade a verdade, quando todos só lhes jogavam pedras?

Infelizmente, agressividade em demasia gera teimosia. O cientista deve também ter bom-senso. Deve saber até onde defender o que acha certo. Quando nada mais for salvo de uma infeliz e infundada hipótese, é melhor partir para outra proposta. Felizmente a verdade tarda mas não falha; mas é bom saber que a verdade teve em você um aliado, e não um opositor.

    Para concluir, convoco a todos os interessados em ciência, a ingressar nas fileiras do futuro. Não é preciso ser um gênio ou super-dotado para ser um cientista. Basta ter vontade de ensinar e principalmente de aprender; basta querer conhecer o universo e o mundo onde habita; basta querer fazer o futuro, desenvolvendo o presente. O mundo está precisando de construtores.

Lucio Marassi de Souza Almeida

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